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Lava Jato da PM expôs esquema de desvios de mais de R$ 200 milhões

Ex-tenente-coronel negocia delação premiada e deve ser julgado em 2018

Retrospectiva 2017|Gustavo Basso, do R7

Empresa acusada no esquema funcionava em sala cujo aluguel hoje custa R$ 500
Empresa acusada no esquema funcionava em sala cujo aluguel hoje custa R$ 500 Empresa acusada no esquema funcionava em sala cujo aluguel hoje custa R$ 500

Em 2017, o Comando Geral da PM paulista foi abalado com as denúncias feitas pelo ex-tenente coronel José Afonso Adriano Filho, preso preventivamente desde março e acusado de encabeçar um esquema de desvios de verba do órgão que, segundo o MP (Ministério Público), passa de R$ 200 milhões.

Adriano foi expulso da corporação após julgamento no TJM (Tribunal de Justiça Militar) em agosto deste ano, e responde pelo crime de peculato.

Até o momento, as investigações feitas pela Corregedoria da Polícia Militar e pelo MP apontam para 23 oficiais da PM e ao menos 21 empresas de fachada usadas para o esquema. Tocado entre 2005 e 2012, ele se baseava em fraudes a licitações, fazendo a contratação das empresas participantes por meio de dispensas, convites ou interferências nos resultados de pregões.

Corregedoria apurou falsificação do Diário Oficial
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Ao longo do ano foram apresentadas ao juiz Marcos Teodoro Fernandes duas denúncias indicando as relações do DSA-CG (Departamento de Suporte Administrativo do Comando Geral), do qual Adriano fazia parte, com as empresas Construworld LTDA. e Comercial das Províncias/MFA LTDA, respectivamente.

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As investigações apontam que Adriano se tornou dono da Construworld em 2006, sem constar no quadro de sócios, e assim continuou até 2012, quando a empresa foi fechada. Naquele ano, a Corregedoria da PM começou a investigar as licitações feitas pelo DSA-CG. Como dono, Adriano teria acesso à conta bancária e toda documentação da Construworld. Os valores dos contratos de serviços e materiais não entregues ou prestados à PM somam R$ 7.164.973,57.

Entre 2011 e 2015 Adriano e sua família movimentaram mais de R$ 8 milhoes na compta e venda de imóveis.

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O segundo inquérito concluído avaliou a atuação do ex-coronel junto à empresa Comercial das Províncias/MFA, por meio da qual teria desviado um total de R$ 4.446.576,26. Em audiência realizada em novembro, Adriano confessou ter “participado ocultamente” dos lucros da empresa aberta por Mirian Francioni dos Santos, sua ex-amante, segundo o MP.

Ex-coronel preso depôs no TJM em 27 de novembro
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Mirian fechou um acordo de delação premiada com o MP homologado em julho. Adriano também busca fechar um acordo de delação. Sua defesa questiona ele ser o único oficial preso até o momento nos dois processos. Dilermando César Silva, preso em março junto do ex-coronel, responde em liberdade.

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Levantamento feito pelo R7 a partir das denúncias do MP mostra que além de Adriano, outros 22 oficiais da PM são apontados por participar dos crimes. Além de Adriano e Dilermando, os demais citados pelo MP não foram denunciados pelos crimes.

Em uma carta enviada à Corregedoria (veja abaixo na íntegra), o ex-coronel questiona 19 oficiais sobre supostas irregularidades que ele supõe ter ocorrido dentro do Comando Geral. Entre os questionados está o coronel Kooki Taguti, à época chefe do DSA-CG e apontado pelo MP como coautor de 76 dos crimes realizados com auxílio da empresa Construworld LTDA.

Adriano também questiona o agora deputado estadual Coronel Camilo (PSD) sobre supostas internações clínicas do filho e reformas em seu apartamento pagos com dinheiro público. Camilo nega as acusações. Entre os 19 itens da carta, as irregularidades sugeridas por Adriano vão de compra de carros básicos pelo valor de completo até mimos oferecidos a oficiais, citando também a sede do governo paulista.

A previsão do TJM agora é que o primeiro julgamento, pelo caso Comercial das Províncias/MFA, seja realizado em janeiro de 2018, sinalizando que o Comando Geral terá mais um ano movimentado pela frente.

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