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Retrospectiva 2019
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Redes e revoltas: O que fez de 2019 um ano de protestos

Projetos de lei, golpes de Estado, corrupção e reeleição de presidentes levaram milhões de pessoas às ruas na Ásia, Oriente Médio e Europa

Retrospectiva 2019|Do R7

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2019 foi um ano marcado por turbulências políticas e protestos gerais por todo o mundo. Da América Latina à Ásia e à Europa, centenas de milhares de pessoas marcharam pelas ruas pedindo mudanças no governo, expressando profunda insatisfação com as gestões locais e enfrentando policiais
Hong Kong O maior protesto do ano acontece em Hong Kong, há seis meses ininterruptos. Depois que um cidadão da ilha matou a namorada, o governo local ia instaurou um projeto de lei para extraditar o acusado para a China, onde ele seria julgado. A proposta desagradou a população, que se sentiu ameaçada e com medo de que o projeto permitisse que o governo de Xi Jinping pudesse condenar cidadãos livres de Hong Kong
Mesmo com o projeto de lei derrubado, os protestos continuam, ainda que menores. Nos últimos meses, jovens foram cercados dentro de universidades, um shopping foi palco de outra manifestação e o principal aeroporto da ilha foi invadido por manifestantes
A violência e a brutalidade na repressão são tão comuns quanto marchas na cidade. Um policial chegou a ser atingido por uma flecha durante um protesto e manifestantes são agredidos nas ruas durante a dispersão dos protestos. A China chegou a deixar o exército na fronteira com Hong Kong, caso fosse necessário o uso de mais força militar
Apesar de ter dito que renunciaria se pudesse, a líder da cidade, Carrie Lam, continua no cargo e é respaldada pelo presidente chinês Xi Jinping. Os protestos ainda não tem previsão para acabar e nem a governante de deixar o cargo, uma das reivindicações da população, mas o medo da crescente violência é tanto que a festa de fim de ano na cidade foi cancelada
Sudão Um golpe de Estado no começo do ano derrubou o agora ex-presidente Omar Al Bashir no Sudão e deu início a uma série de manifestações e crise interna. Com a saída do presidente, a junta militar assumiu o comando do país e ficou meses tentando dialogar com a oposição para tentar conter os protestos e organizar o governo de transição
A violência nas manifestações deixou 29 mortos só no começo do ano. Em junho, um ataque a um acampamento de opositores deixou mais 30 mortos. Registros oficiais dizem que mais de 100 pessoas morreram e outras 700 foram feridas. Além da repressão, a internet foi cortada no país para impedir que novos protestos fossem organizados e denúncias de abuso infantil foram registradas
Argélia Em março, milhares de pessoas foram às ruas protestar contra a candidatura do então presidente Abdelaziz Bouteflika à reeleição. O homem, de 82 anos, governava o país desde 1999 e sofreu um derrame em 2013, fazendo com que ele quase não conseguisse mais falar em público
Os protestos foram os maiores desde a Primavera Árabe, há oito anos, e deixaram cerca de 180 pessoas feridas. O exército pediu que Bouteflika fosse considerado incapaz para concorrer as novas eleições. Pouco depois, ele anunciou que deixaria a corrida presidencial e renunciou ao cargo
jovens da Argélia
Líbano No Líbano, a ideia de criar um imposto sobre o uso do Whatsapp foi a faísca para que milhares de pessoas saíssem para protestar contra a crise econômica e pedindo novas eleições no país. A proposta do governo consistia em uma taxa de US$ 0,20 (cerca de R$ 0,82) na primeira chamada de voz que as pessoas fizessem pelo app por dia
Misturando criatividade e revolta, os libaneses marcharam pelas ruas e encontraram noivas, um homem dentro de uma piscina inflável e até um DJ tocando de uma sacada. Porém, mesmo com o lado divertido e inusitado dos protestos, cerca de 70 pessoas ficaram feridas
Depois de duas semanas de marchas, o primeiro-ministro do Líbano, Saad Hariri, anunciou sua renúncia ao cargo em outubro. O país, mesmo 29 anos depois do fim da guerra civil, ainda não consegue evitar o racionamento de água e luz, algo que ainda está nas reivindicações da população
Iraque Nenhum protesto deixou tantos mortos e feridos quanto no Iraque. Mais de 2 mil pessoas foram vítimas de violência e pelo menos 24 foram mortas (Comissão de Direitos Humanos contabiliza quase 4 mil feridos e mais de 90 mortos e a ONU diz algo em torno de 269 mortos) desde que os protestos contra a corrupção do país começaram em outubro
Um dos locais mais atingidos pela violência foi Nassyria, em que 28 pessoas foram mortas durante um confronto com as Forças Armadas. Na praça Al Khalani, em Bagdá, 45 foram feridos depois que um grupo fez disparos contra eles, matando 16 pessoas. 
O país também cortou a internet para inibir a organização de novos protestos, mas a pressão popular fez com que o primeiro-ministro, Adel Abdul Mahdi, renunciasse no final de novembro
França O ano na França começou com o 8º protesto do coletes amarelos contra o presidente Emmanuel Macron. Do final de 2018 até metade do primeiro semestre de 2019, milhares de pessoas foram às ruas de Paris para as marchas, as vezes violentas, com confrontos contra policiais e depredações pela cidade
No final de 2019, os franceses voltaram às ruas, mas para protestar contra a reforma da Previdência. A ideia de Macron é diminuir a idade mínima da aposentadoria e que todo mundo use o mesmo sistema. Porém, os críticos dizem que os trabalhadores vão acabar trabalhando mais para receber menos
As novas greves gerais na França paralisaram os metrôs e trens, aulas foram canceladas depois que professores entraram nas marchas e voos foram afetados. Os manifestantes também cortaram a luz e residências e empresas, o que é ilegal
Índia No final de dezembro, o país foi tomado por protestos contra uma lei de cidadania, que permite que minorias religiosas nos países vizinhos que se mudaram para o país até 2015, consigam a cidadania indiana. O problema é que a lei não contempla muçulmanos, o que gerou uma gigantesca insatisfação 
Universitários foram cercados pela polícia dentro das faculdades e milhares de pessoas foram às ruas. Até o momento, três pessoas morreram nos protestos pelos confrontos com a polícia, que prendeu centenas de pessoas. Assim como nos países vizinhos, a internet foi cortada para impedir a organização de novos protestos
Um partido político muçulmano recorreu contra a lei, mas a Supremo Corte rejeitou derrubar o projeto de lei. A principal crítica é que a lei viola o direito de estado laico na Índia ao defender a religião como um fator para se conseguir a cidadania

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2019 foi um ano marcado por turbulências políticas e protestos gerais por todo o mundo. Da América Latina à Ásia e à Europa, centenas de milhares de pessoas marcharam pelas ruas pedindo mudanças no governo, expressando profunda insatisfação com as gestões locais e enfrentando policiais
Hong Kong O maior protesto do ano acontece em Hong Kong, há seis meses ininterruptos. Depois que um cidadão da ilha matou a namorada, o governo local ia instaurou um projeto de lei para extraditar o acusado para a China, onde ele seria julgado. A proposta desagradou a população, que se sentiu ameaçada e com medo de que o projeto permitisse que o governo de Xi Jinping pudesse condenar cidadãos livres de Hong Kong
Mesmo com o projeto de lei derrubado, os protestos continuam, ainda que menores. Nos últimos meses, jovens foram cercados dentro de universidades, um shopping foi palco de outra manifestação e o principal aeroporto da ilha foi invadido por manifestantes
A violência e a brutalidade na repressão são tão comuns quanto marchas na cidade. Um policial chegou a ser atingido por uma flecha durante um protesto e manifestantes são agredidos nas ruas durante a dispersão dos protestos. A China chegou a deixar o exército na fronteira com Hong Kong, caso fosse necessário o uso de mais força militar
Apesar de ter dito que renunciaria se pudesse, a líder da cidade, Carrie Lam, continua no cargo e é respaldada pelo presidente chinês Xi Jinping. Os protestos ainda não tem previsão para acabar e nem a governante de deixar o cargo, uma das reivindicações da população, mas o medo da crescente violência é tanto que a festa de fim de ano na cidade foi cancelada
Sudão Um golpe de Estado no começo do ano derrubou o agora ex-presidente Omar Al Bashir no Sudão e deu início a uma série de manifestações e crise interna. Com a saída do presidente, a junta militar assumiu o comando do país e ficou meses tentando dialogar com a oposição para tentar conter os protestos e organizar o governo de transição
A violência nas manifestações deixou 29 mortos só no começo do ano. Em junho, um ataque a um acampamento de opositores deixou mais 30 mortos. Registros oficiais dizem que mais de 100 pessoas morreram e outras 700 foram feridas. Além da repressão, a internet foi cortada no país para impedir que novos protestos fossem organizados e denúncias de abuso infantil foram registradas
Argélia Em março, milhares de pessoas foram às ruas protestar contra a candidatura do então presidente Abdelaziz Bouteflika à reeleição. O homem, de 82 anos, governava o país desde 1999 e sofreu um derrame em 2013, fazendo com que ele quase não conseguisse mais falar em público
Os protestos foram os maiores desde a Primavera Árabe, há oito anos, e deixaram cerca de 180 pessoas feridas. O exército pediu que Bouteflika fosse considerado incapaz para concorrer as novas eleições. Pouco depois, ele anunciou que deixaria a corrida presidencial e renunciou ao cargo
jovens da Argélia
Líbano No Líbano, a ideia de criar um imposto sobre o uso do Whatsapp foi a faísca para que milhares de pessoas saíssem para protestar contra a crise econômica e pedindo novas eleições no país. A proposta do governo consistia em uma taxa de US$ 0,20 (cerca de R$ 0,82) na primeira chamada de voz que as pessoas fizessem pelo app por dia
Misturando criatividade e revolta, os libaneses marcharam pelas ruas e encontraram noivas, um homem dentro de uma piscina inflável e até um DJ tocando de uma sacada. Porém, mesmo com o lado divertido e inusitado dos protestos, cerca de 70 pessoas ficaram feridas
Depois de duas semanas de marchas, o primeiro-ministro do Líbano, Saad Hariri, anunciou sua renúncia ao cargo em outubro. O país, mesmo 29 anos depois do fim da guerra civil, ainda não consegue evitar o racionamento de água e luz, algo que ainda está nas reivindicações da população
Iraque Nenhum protesto deixou tantos mortos e feridos quanto no Iraque. Mais de 2 mil pessoas foram vítimas de violência e pelo menos 24 foram mortas (Comissão de Direitos Humanos contabiliza quase 4 mil feridos e mais de 90 mortos e a ONU diz algo em torno de 269 mortos) desde que os protestos contra a corrupção do país começaram em outubro
Um dos locais mais atingidos pela violência foi Nassyria, em que 28 pessoas foram mortas durante um confronto com as Forças Armadas. Na praça Al Khalani, em Bagdá, 45 foram feridos depois que um grupo fez disparos contra eles, matando 16 pessoas. 
O país também cortou a internet para inibir a organização de novos protestos, mas a pressão popular fez com que o primeiro-ministro, Adel Abdul Mahdi, renunciasse no final de novembro
França O ano na França começou com o 8º protesto do coletes amarelos contra o presidente Emmanuel Macron. Do final de 2018 até metade do primeiro semestre de 2019, milhares de pessoas foram às ruas de Paris para as marchas, as vezes violentas, com confrontos contra policiais e depredações pela cidade
No final de 2019, os franceses voltaram às ruas, mas para protestar contra a reforma da Previdência. A ideia de Macron é diminuir a idade mínima da aposentadoria e que todo mundo use o mesmo sistema. Porém, os críticos dizem que os trabalhadores vão acabar trabalhando mais para receber menos
As novas greves gerais na França paralisaram os metrôs e trens, aulas foram canceladas depois que professores entraram nas marchas e voos foram afetados. Os manifestantes também cortaram a luz e residências e empresas, o que é ilegal
Índia No final de dezembro, o país foi tomado por protestos contra uma lei de cidadania, que permite que minorias religiosas nos países vizinhos que se mudaram para o país até 2015, consigam a cidadania indiana. O problema é que a lei não contempla muçulmanos, o que gerou uma gigantesca insatisfação 
Universitários foram cercados pela polícia dentro das faculdades e milhares de pessoas foram às ruas. Até o momento, três pessoas morreram nos protestos pelos confrontos com a polícia, que prendeu centenas de pessoas. Assim como nos países vizinhos, a internet foi cortada para impedir a organização de novos protestos
Um partido político muçulmano recorreu contra a lei, mas a Supremo Corte rejeitou derrubar o projeto de lei. A principal crítica é que a lei viola o direito de estado laico na Índia ao defender a religião como um fator para se conseguir a cidadania

2019 foi um ano marcado por turbulências políticas e protestos gerais por todo o mundo. Da América Latina à Ásia e à Europa, centenas de milhares de pessoas marcharam pelas ruas pedindo mudanças no governo, expressando profunda insatisfação com as gest...

2019 foi um ano marcado por turbulências políticas e protestos gerais por todo o mundo. Da América Latina à Ásia e à Europa, centenas de milhares de pessoas marcharam pelas ruas pedindo mudanças no governo, expressando profunda insatisfação com as gestões locais e enfrentando policiais

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