América Latina foi marcada por protestos sociais em 2019

Chile, Haiti, Bolívia, Equador, Colômbia, Venezuela: em todos estes países, centenas de milhares tomaram as ruas por mudanças em seus governos

Retrospectiva 2019|Do R7

19/12/2019 - 02h06 (Atualizado em 19/04/2024 - 15h02)

Dezenas de pessoas com bandeiras e cartazes em área aberta no Chile, algumas em cima de estátua

Manifestação de 25 de outubro foi descrita como a maior desde o retorno da democracia ao Chile

Piñera reconheceu as violações de direitos humanos nos protestos e os carabineiros assumiram a responsabilidade pelos abusos cometidos e chegaram a culpar o cansaço pelos excessos. Por causa da violação sistemática dos direitos humanos, o presidente Sebastián Piñera quase chegou a sofrer um processo de impeachment

COLÔMBIA
Motivados pela falta de cumprimento de acordos estabelecidos com a população, milhares de colombianos foram às ruas do país. Os protestos também foram marcados pela violência e uso excessivo de força do Esquadrão Anti Distúrbios, que matou um jovem de 18 anos depois de ser baleado na cabeça

Os protestos foram organizados principalmente pelos jovens, que foram massivamente às ruas protestar contra Ivan Duque. O presidente queria dialogar com os organizadores das manifestações, mas não conseguiram chegar a um consenso nas pautas

Pelo menos 3 pessoas foram mortas e outras 98 foram presas durante as manifestações

BOLÍVIA
No país, os protestos começaram depois das eleições presidenciais e fizeram com que o presidente reeleito Evo Morales renunciasse e deixasse o país. Com a saída de Morales, a senadora Jeanine Añez se autoproclamou presidente e convocou novas eleições

Mesmo com a renúncia e saída de Morales, parte dos protestos continuaram. Comunidades indígenas desceram até La Paz para protestar contra o governo interino de Añez, que disse que as manifestações eram "desnecessárias"

Em um dos eventos mais sangrentos, oito pessoas morreram pela repressão policial durante um piquete em uma refinaria em El Alto. Os manifestantes chegaram a protestar com caixões pelas ruas para homenagear as vítimas e foram novamente atacados pelos policiais. Ao todo, 32 pessoas morreram durante os protestos bolivianos

HAITI
Um dos protestos mais duradouros na região acontece no Haiti. As manifestações começaram pelo aumento do preço do combustível e pela grave crise econômica e social e passaram a pedir a renúncia do presidente, Jovenel Moise, que disse que não vai renunciar ao cargo

Só esse ano, o país já teve três primeiros-ministros: Jean Henry Ceant foi deposto pelos deputados. Jean-Michel Lapin assumiu o cargo em abril, mas renunciou à posição em julho. Desde então, Fritz William Michel é o premiê

A violência nos protestos parte da polícia, dos manifestantes e dos políticos. Em setembro, um senador abriu fogo contra a população e deixou dois feridos. Pelo menos 4 pessoas morreram desde o começo dos protestos, em fevereiro

Os protestos também foram marcados por episódios violentos, como o incêndio à sede da Controladoria do país, o ataque a sedes de dois veículos de imprensa nacionais e foi decretado toque de recolher no país. No final, 7 pessoas foram mortas e quase mil foram presas. O governo de Lenín Moreno voltou atrás no pacote econômico que aumentava os combustíveis e outras medidas impopulares

$Venezuela O primeiro semestre no país foi conturbado. Primeiro, Juan Guaidó se autointitulou presidente interino do país e inflamou protestos pelo país para pedir a queda de Nicolás Maduro. Um dos protestos mais memoráveis foi para conseguir a entrada da ajuda humanitária internacional no país, que acabou sendo um fracasso e parte da carga foi incendiada$

Os venezuelanos também foram às ruas em apoio a Maduro, que apesar de ser alvo de boa parte dos países latinos e dos EUA no primeiro semestre continua sendo o presidente do país, e protestaram contra os apagões frequentes no país

Protesto contra Maduro em Maracaibo, Venezuela

PERU
O país é marcado por uma grave crise política há anos, depois de descoberto o envolvimento de presidentes passados com a Odebrecht. Há um ano e meio, Martín Vizcarra assumiu a presidência, mas tem batido cabeça com o Congresso. Em outubro, ele dissolveu o Congresso e convocou novas eleições, porém, os parlamentares haviam afastado o presidente e colocado Mercedes Araoz no comando do país

Com o impasse, o país acabou tendo dois presidentes tentando comandar ao mesmo tempo. Apoiadores de Vizcarra foram às ruas defender o presidente e a decisão de dissolver o Congresso. Vizcarra continuou no cargo, mas a situação ainda não é estável

Poucos anos foram marcados por tantos protestos e demonstrações de insatisfação geral em uma mesma região quanto 2019 pela América Latina. Da América Central até a América do Sul, cidadãos saíram às ruas para protestar contra medidas dos governos, pedidos de impeachment e gritando contra crises sociais e econômicas. Relembre alguns dos protestos mais importantes no continente neste ano

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