Kelly, Talita e Geisa: assassinatos mostram violência contra a mulher
Secretaria registrou 72 homicídios dolosos contra mulheres este ano
Retrospectiva 2017|Giorgia Cavicchioli, do R7
O Estado de São Paulo registrou de janeiro a outubro deste ano 72 homicídios dolosos contra mulheres, o mesmo número registrado pela SSP (Secretaria da Segurança Pública) em todo o ano passado. Alguns desses casos marcaram o ano de 2017. Um deles foi o de Kelly Cristina Cadamuro, 22 anos. A jovem foi morta depois de oferecer uma carona em um aplicativo de celular.
Kelly ia visitar o namorado e, para economizar, resolveu dividir as despesas da corrida. Jonathan Pereira do Prado, que matou a jovem, iniciou uma conversa com ela dizendo que ele e sua companheira iriam pegar a carona com ela. No dia da viagem, só ele apareceu.
Durante a carona, segundo o MP-MG (Ministério Público de Minas Gerais), Prado estuprou e depois matou a jovem. O corpo de Kelly foi encontrado no dia 2 de novembro próximo da cidade de Frutal, no Triângulo Mineiro.
Prado foi denunciado pelo MP por latrocínio, estupro, ocultação de cadáver e fraude processual. A denúncia tem agravantes que são o fato de ele ser reincidente e ter cometido o crime por meio cruel, em estado de embriaguez e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima.
Segundo o inquérito policial, Prado estava foragido desde 2017 do sistema prisional e passou a participar de grupos do aplicativo de carona entre os municípios de Campina Verde (MG), Itapagipe (MG) e São José do Rio Preto (SP).
A denúncia aponta que, na manhã do dia seguinte ao do crime, Prado contatou o primo dele para que adquirisse parte dos bens retirados da vítima como pneus e rodas do veículo, bolsas, perfume, sapatos, chinelos e um aparelho toca-CDs. Ainda segundo a denúncia, no mesmo dia, à tarde, um terceiro homem adquiriu o celular da vítima.
Prado confessou o crime na delegacia e disse que matou a jovem para poder roubar. Em entrevista à Record TV, ele disse estar “arrependido por tudo”.
Outro caso emblemático foi o do preso que matou a parceira enforcada durante a visita íntima no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Santo André, na Grande São Paulo, no dia 21 de outubro. Talita Karen Miranda Ferreira, 24, estava sozinha dentro da cela com o parceiro Thiago Santos Brasileiro quando foi atacada.
Interrogado, Brasileiro afirmou à Polícia Civil que a matou porque ela queria terminar o relacionamento. Segundo familiares, ela já teria tentado a separação por carta e telefone, porém o parceiro não aceitava.
O crime foi classificado no 4º DP de Santo André como feminicídio — homicídio contra a mulher por razões da condição do sexo feminino. Após matá-la, ele mesmo teria comunicou um dos presos responsáveis pelo bloco, que avisou os agentes do presídio sobre o ocorrido.
Depois do crime, a SAP (Secretaria de Administração Penitenciária) afirmou que Brasileiro foi isolado e que iria solicitar à Justiça a internação do preso no RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), no presídio de Presidente Bernardes, no interior do Estado.
No dia 12 de agosto mais uma mulher foi morta. Geisa Daniele Soares Feitosa, 30, voltava do trabalho de cabeleireira e manicure. Quando chegou em casa, no Parque São Lucas (zona leste de São Paulo), foi abordada pelo ex-companheiro Ricardo Daniel Pappalardo, 48. Ele atirou seis vezes.
A mulher morreu no local, segundo a família, na frente de duas de suas filhas. Familiares da vítima afirmaram que Geisa ajoelhou e implorou para não ser executada em frente às crianças.
Em entrevista exclusiva ao R7, Ricardo disse que a motivação do crime foi o fato de ter descoberto que a filha dele, de quatro anos, tinha sido abusada sexualmente por um ex-companheiro da avó da menina. De acordo com o escritório Brito, Vanzolini & Porcer Advogados Associados, que está dando auxílio à família da Geisa, Ricardo já sabia do suposto abuso sexual há mais de um ano. A reportagem não conseguiu localizar o ex-companheiro da avó da menina.
Ele também alegou que as crianças não presenciaram o crime e que não se lembra de a mulher ter se ajoelhado pedindo clemência. A versão de que Geisa teria implorado pela vida seria da filha dela, de 13 anos.