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'Se o Brasil não tivesse centrão, seria uma Argentina', declara Arthur Lira

Presidente da Câmara negou que queira ministérios para facilitar relação do governo Lula com o Congresso

Noinsta|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília

Reforma ministerial é a promessa de acomodar integrantes dos partidos do centrão no governo federal
Reforma ministerial é a promessa de acomodar integrantes dos partidos do centrão no governo federal

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta segunda-feira (7) que o Brasil depende do centrão para não se tornar "uma Argentina". Ele comentava, em entrevista a uma rádio de Maceió (AL), a reforma ministerial que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve promover em breve para facilitar a aprovação de matéria do governo no Congresso Nacional.

"Muitos me tratavam como o sustentáculo do governo Bolsonaro, [diziam que era eu] quem dava sustentação e apoio. Qual ministério e espaço a gente tinha no governo Bolsonaro? Eu não tinha, nunca prezei por isso. Muitas vezes, saem histórias de que Arthur quer [o Ministério da] Saúde, centrão quer isso ou quer aquilo. Primeiro que o Brasil, não tivesse o centrão, seria uma Argentina", declarou.

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O presidente da Câmara usou a minoria que Lula conseguiu eleger para o Legislativo para justificar as dificuldades que o governo tem tido no Congresso.

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Para as pautas eminentemente políticas do governo%2C pautas afeitas a sua ideologia%2C lógico que o governo não tem maioria%2C [então] tem dificuldades. O governo Lula%2C como todo governo que se elege sem maioria%2C sofre. Não é novidade. Desde antes de se eleger que nós votamos com a sinalização de que não faltaríamos aos temas que são imprescindíveis ao país%2C por exemplo a PEC da transição. Ainda sem base votamos o arcabouço [fiscal]%2C matéria de país%2C depois entramos numa discussão que era praticamente inacreditável%2C a reforma tributária.

(Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados)

Pendências na Câmara

Segundo parlamentares, a Câmara dos Deputados deve postergar a análise das novas regras fiscais e priorizar outras pautas enquanto o governo federal não promover mudanças no Executivo para atender a demandas de parlamentares. Sem a concretização das mudanças, Lira deve desviar o foco da agenda econômica e dar destaque a projetos ligados ao meio ambiente. Os deputados devem decidir se acatam as alterações feitas pelo Senado no texto.


Esse cenário deve se manter até o retorno de Lula. O chefe do Executivo embarcou para Parintins, no Amazonas, na sexta-feira (4), para compromissos no Norte do país, que só terminam na próxima quinta-feira (10). Lula volta para Brasília, mas vai ao Rio de Janeiro antes de dar início às reuniões da reforma ministerial, que são aguardadas pelo centrão.

A reforma é a promessa de acomodar integrantes dos partidos do centrão no governo federal. No fim de julho, após falar com Lira e sentir o clima na Câmara, o presidente Lula admitiu ceder ministérios ao centrão em troca de "tranquilidade ao governo".

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