Bancada ruralista pede investigação e prisão do líder do MST
Para parlamentares ligados ao agronegócio, João Pedro Stédile estaria incentivando invasões de terra em ações do 'Abril vermelho'
Noinsta|Hellen Leite, do R7, em Brasília
Parlamentares da bancada ruralista querem que o líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, seja investigado e preso por declarações consideradas como "ameaças" aos produtores rurais. Para os parlamentares, o movimento social tem incitado invasões a propriedades rurais por meio de uma série de ações do chamado "Abril Vermelho".
O pedido é direcionado ao Ministério Público do Distrito Federal, à Procuradoria Geral da República (PGR), ao Ministério Público do Estado de São Paulo, à Advocacia-Geral da União e ao Tribunal de Contas da União e foi protocolado na quarta-feira (12). O MST alega que o movimento não invade terras, "mas, sim, ocupa terras sem função social".
Segundo o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o deputado Pedro Lupion (PP-PR), as ações do grupo são "danosas à sociedade". "Essas atitudes continuam gerando um clima de insegurança no campo para nossos produtores rurais. Nós da FPA, estamos indignados e fizemos questão de assinar os ofícios para que o autor dessas ameaças seja responsabilizado", disse.
As críticas da bancada ruralista ficaram ainda mais intensas após Stédile ser convidado a integrar a comitiva que viajou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Ásia. De Shangai, o líder do MST disse que as mobilizações devem continuar em "defesa da reforma agrária em latifúndios improdutivos".
Abril vermelho
A FPA calcula que, até o momento, 41 propriedades já foram ocupadas em todo o Brasil. A ação mais recente aconteceu na semana passada, no município de Timbaúba (PE). O MST informou que 800 hectares de terras sem função social foram ocupadas.
O movimento alega ainda que as terras pertencem ao governo estadual e que foram griladas. "Os engenhos ocupados pelos Sem Terra também são terras devolutas (públicas), pertencentes ao governo de Pernambuco, que foram griladas pela usina", afirma o MST em nota.
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No norte da Bahia, também houve registros de invasão. Em Jacobina, mais de 150 pessoas ocuparam uma fazenda, disseram que o local tem 1.700 hectares abandonados e reivindicaram a "desapropriação imediata" para a realização de assentamento. Os proprietários negam a alegação de que a área está abandonada e acionaram a Justiça para responsabilizar os invasores.
CPI do MST
As negociações para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as recentes invasões promovidas pelo MST ganharam força depois que deputados conseguiram assinaturas suficientes para sua instalação. Entidades ligadas à agricultura já pressionam o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para abrir os trabalhos do órgão.
Lira é membro da Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA) e tem participado das reuniões do grupo. A base do governo Lula, no entanto, afirma que não há fato determinado, requisito para abertura de uma CPI, a ser apurado.