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Estúdio|Rogério Guimarães, da RECORD

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Na despedida do verão de 2024, uma equipe do jornalismo da RECORD desembarcou na Noruega e foi recebida por um espetáculo natural difícil de esquecer. Do alto do avião, já era possível ver o céu azul cintilante se estendendo até o horizonte, refletido nas águas calmas que banham Bergen — cidade costeira com cerca de 291 mil habitantes e considerada a maior produtora de salmão do país. Ao fundo, montanhas ainda cobertas de neve completavam o cenário que mais parecia uma pintura.

Mar da Noruega O mar espelhado que banha a linda cidade de Bergen, na costa oeste da Noruega. Reprodução/RECORD

Durante os dias de gravação, o que mais chamou a atenção, além das paisagens, foi a simpatia dos noruegueses. Nos hotéis, no comércio e nas ruas, moradores se mostraram solícitos e gentis, sempre dispostos a conversar e colaborar com as reportagens. O comportamento acolhedor, porém, vem acompanhado de um costume curioso: o domingo é, de fato, um dia de descanso absoluto. Para os turistas, isso significa um desafio — encontrar locais abertos para comer, visitar ou fazer compras pode ser tarefa difícil.

No primeiro dia em Bergen, justamente um domingo, a equipe percebeu outro fenômeno impressionante: o tempo parecia não acabar. Eram quase nove horas da noite e o céu seguia claro, como se o dia insistisse em durar mais um pouco. Na Noruega, o pôr do sol pode acontecer em horários improváveis para quem vive em países tropicais. Durante o verão, especialmente nas regiões próximas ao Círculo Polar Ártico, ocorre o fenômeno conhecido como “sol da meia-noite” — quando o sol toca o horizonte, mas não chega a desaparecer. Já no inverno, o oposto acontece: o dia pode nascer às nove da manhã e se pôr às três da tarde.


Entre extremos de luz e escuridão, a Noruega continua a figurar entre os países mais felizes do mundo. O segredo, segundo especialistas, está no equilíbrio entre natureza, qualidade de vida e senso coletivo. Em um território de contrastes, onde o clima pode mudar de forma radical, os noruegueses aprenderam a lidar com o tempo — e a encontrar nele um aliado, não um inimigo.

Fiordes noruegueses Reprodução/RECORD

Sabores do Norte: a Noruega à mesa

A gastronomia é um convite irrecusável naquele lado da Escandinávia, com o protagonismo evidente dos frutos do mar nos cardápios. Durante a estadia, a equipe do R7 experimentou uma sequência de pratos que uniam técnica, frescor e estética — verdadeiras obras de arte servidas à mesa.


No restaurante Frescohallen, localizado no centro histórico de Bergen, o jantar de boas-vindas reuniu sabores marcantes: vieiras com creme de ovo e ovas, salada de aspargos, contrafilé com purê de batata e ervas. A sobremesa foi uma pavlova que se destacou pela leveza e sabor — descrita como a melhor da viagem.

Ainda em Bergen, a equipe degustou um salmão defumado em um restaurante situado em uma pequena ilha, a cerca de 30 minutos de barco do cais. A experiência, cercada por águas cristalinas e paisagem montanhosa, sintetizava o espírito norueguês de valorizar o que vem do mar.

O salmão, aliás, é o verdadeiro anfitrião de Bergen. A cidade tem papel de destaque na produção e exportação do pescado, um dos principais pilares econômicos da Noruega. A equipe visitou uma das indústrias de beneficiamento do peixe, onde acompanhou parte do processo de reprodução assistida. Em terra firme, tanques abrigam fêmeas de salmão reservadas para a coleta de ovas. Um dos exemplares, com cerca de 16 quilos, chamou a atenção pelo tamanho e pela força — estava prestes a liberar as ovas que seriam fecundadas.

A cerca de meia hora de lancha dali, em alto-mar, ficam as fazendas de salmão, enormes estruturas flutuantes com até 45 metros de profundidade, utilizadas para a criação em cativeiro. Sob o sol intenso, era possível ver o brilho das escamas refletindo na água enquanto os peixes saltavam, em movimentos que lembravam uma coreografia natural. A cena se repetia em todos os tanques da fazenda situada em Bjørnafjorden — o “fiorde dos ursos” —, no município de Lyngnes, uma das áreas mais importantes do país na criação de salmões.

Salmão norueguês A gastronomia norueguesa é rica em sabores do mar Reprodução/RECORD

Refugiado ucraniano na indústria do salmão

Durante a visita à indústria de salmão proprietária da fazenda previamente visitada, a equipe se deparou com uma história que extrapolava a pauta principal.

No local, os repórteres conheceram Volodymyr Nepotribryi, funcionário responsável por operar a máquina que separa os salmões em duas partes. Volodymyr é refugiado ucraniano, acolhido pela Noruega após a invasão russa, sendo um dos mais de 72 mil ucranianos que receberam proteção no país desde o início do conflito. Ele não era o único na fábrica ou na cidade — casos como o dele se multiplicam por todo o território norueguês.

Antes da guerra, Volodymyr era executivo de uma empresa de água mineral em Kiev, capital da Ucrânia. Chegou a se alistar no exército para defender o país, mas decidiu deixar o serviço militar em função da saúde do único filho. O adolescente, de 16 anos, foi diagnosticado com estresse pós-traumático, e o pai optou por se mudar para a Noruega para acompanhar de perto o tratamento. A mãe do jovem havia falecido de câncer dez anos antes.

Resolvi deixar o exército e ir para a Noruega, pois aqui há bons psicólogos. Agora estou aqui. Ainda não está tudo bem com meu filho, mas o trabalho continua. Fui forçado a recomeçar minha carreira de baixo para cima. Mas agora estamos juntos e ele está seguro. Estou pronto para fazer qualquer sacrifício por meu filho. É assim que as coisas são.

Volodymyr Nepotribryi

Raízes brasileiras na Noruega e um passeio pelos fiordes

Durante a passagem por Bergen, a equipe conheceu Lucilene Santana Cossin, técnica de enfermagem nascida em Mar de Espanha, na Zona da Mata de Minas Gerais. Ela se mudou para a Noruega em 2006 e construiu uma nova vida no país. Hoje, é casada com Eriksen e mãe de Linda Vittoria, nascida na Noruega. A família reside em um bairro afastado do centro, em uma casa de dois andares, com piso de madeira, lareira e decoração repleta de fotos de momentos familiares.

Lucilene e o marido receberam a equipe para um jantar especial, que incluiu salmão grelhado com alho, sal e um fio de azeite; salada de aspargos, cenoura e batata; e arroz à piemontese. Cada prato destacava-se pelo frescor e sabor, especialmente o salmão, produto típico da região.

A profissional comentou sobre sua vida no exterior: acredita já ter criado raízes na Noruega e não sabe como seria sua adaptação caso voltasse ao Brasil, mas, no momento, sente-se plenamente estabelecida no país europeu.

Ainda em Bergen, a equipe embarcou em um cruzeiro rumo ao norte da Noruega. Durante 13 horas de viagem pelos fiordes, foi possível observar de perto os braços do mar entre as montanhas, com casas típicas coloridas e telhados pontiagudos, além de pequenas vilas em ilhotas que transmitiam a sensação de isolamento e conforto. O desembarque ocorreu por volta das nove da manhã em Ålesund, ilha conhecida como a capital mundial do bacalhau, encerrando um trecho da viagem marcado por paisagens cinematográficas e experiências culturais e gastronômicas únicas.

Bacalhau norueguês A gastronomia é um convite irrecusável naquele lado da Escandinávia. Reprodução/RECORD

Ålesund e a tradição do bacalhau norueguês

Do cais, a equipe seguiu para o ponto mais alto da região, de onde registrou a cidade mesmo sob tempo nublado. Ålesund, com cerca de 59 mil habitantes, impressiona pela concentração de casas de madeira quase geminadas e pela proximidade do mar, que banha hotéis, lojas e restaurantes. Assim como Bergen, a cidade se destaca pela organização e limpeza, além da rotina de trabalho que termina cedo — por volta das quatro da tarde —, exceto nos serviços essenciais. A segurança pública é notável; não foram registrados crimes na região, uma realidade que se repete na maior parte do país, com exceção de casos pontuais na capital, Oslo.

Em Ålesund, a equipe visitou uma fábrica para mostrar o processo de produção do bacalhau, pescado valorizado no Brasil especialmente no Natal e na Páscoa. Na indústria, foi possível observar o trabalho de salga e cura, que combina tradição artesanal com tecnologia moderna.

A secagem, etapa responsável por retirar toda a água do peixe e conservar a carne, é considerada uma arte. O processo envolve toneladas de sal, presente desde a primeira salmoura até o repouso mínimo de uma semana, embora possa se estender por muito mais tempo. Em um lote observado pela equipe, algumas peças estavam em secagem há um ano e meio, e uma delas chegou a pesar quase 18 quilos.

Essa é uma seleção especial, é como uma grande reserva. É caro! Mas, você sabe, se quer o melhor, você tem que pagar

Charton Stokke, diretor da fábrica

A despedida gelada no mar da Noruega

Ao final da viagem, a equipe enfrentou um desafio adicional: um mergulho no mar gelado da Noruega como despedida da jornada. Vestidos com roupas adequadas, os repórteres se posicionaram na lateral do barco e saltaram nas águas escuras e frias, que refletiam o céu e transmitiam a sensação de um espelho imenso.

O mergulho exigiu controle da respiração e coragem, diante do frio intenso que quase congelava o corpo. Após a entrada na água, a equipe conseguiu retomar o barco em segurança, encerrando a experiência com uma sensação de dever cumprido e de conexão intensa com a paisagem e a cultura marítima do país.

*** analisar este último trecho

Despedida gelada no mar da Noruega

A viagem terminou com uma prova de fogo para o repórter… Aliás, uma prova de gelo! Após a pesca do bacalhau, a equipe foi surpreendida por uma última atividade planejada ainda na fase de preparação das reportagens: o salto no mar como despedida da jornada.

Era fim de tarde, ventava, fazia frio! A água estava escura e parecia um espelho imenso refletindo a adrenalina que saltava dos olhos do repórter. Apesar do frio extremo e do receio de cãibras, o repórter Rogério Guimarães saltou na água gelada com segurança e aproveitando a experiência. O mergulho proporcionou uma forte sensação de adrenalina e conexão com o ambiente norueguês, encerrando a viagem com emoção, desafio e a satisfação de completar uma jornada rica em descobertas culturais, gastronômicas e naturais.

Veja os bastidores da viagem:

  • Diretora de Conteúdo Digital e Transmídia: Bia Cioffi
  • Coordenadora de Produções Originais: Renata Garofano
  • Repórter: Rogério Guimarães
  • Editor de Pós-produção: Ana Beatriz Toledo
  • Coordenadora de Arte Multiplataforma: Sabrina Cessarovice
  • Arte: Gabriel Marques
  • Chefe de Redação: Cristiane Massuyama
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