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Notícias|Victoria Lacerda e Rafaela Soares, do R7, em Brasília

E se o combustível que abastecerá aviões, carros e caminhões nas próximas décadas estiver crescendo diante dos nossos olhos? A matéria-prima de uma das alternativas mais promissoras para um transporte verde está espalhada por cinco dos seis biomas brasileiros — silenciosa, mas poderosa. Trata-se da macaúba (Acrocomia aculeata), uma palmeira nativa do Brasil, conhecida e utilizada há séculos pelos povos indígenas e que, hoje, ganha novo protagonismo como peça-chave na transição para fontes de energia renovável.

Adaptável e produtiva, a macaúba gera óleo vegetal em quantidade expressiva: até 2.500 litros por hectare ao ano, cinco vezes mais do que a soja, com menor exigência hídrica do que o dendê.


A planta tem capacidade de enfrentar, de forma simultânea, três dos principais desafios contemporâneos:

🌴 regenerar áreas degradadas;


👨🏾‍🌾 impulsionar a agricultura familiar; e

⚡ contribuir para a descarbonização da matriz energética.


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O fruto é utilizado na produção de ração animal, cosméticos, alimentos. Mas recentemente, se consolida como matéria-prima estratégica na fabricação de biocombustíveis. Além disso, a macaúba contribui com sequestro de carbono e a consequente recuperação ambiental.

Em um contexto global marcado pela crise climática e por metas de descarbonização cada vez mais exigentes, como as que estarão em debate na COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas), a macaúba desperta o interesse de pesquisadores, empresas, ambientalistas e pequenos produtores. E revela a chance real de o Brasil assumir a liderança na transição para uma economia verde.

Campo, mercado e ciência: uma cadeia que gera renda sustentável

Foi graças ao olhar sensível da avó que a macaúba entrou na vida de Valney Soares, morador de Montes Claros (MG) e liderança à frente de uma associação dedicada à palmeira. Segundo ele, dona Carmelina repetia que seu verdadeiro sonho era manter o homem no campo — e não “perdê-lo” para a cidade.

Inspirada no desejo de dona Carmelina de manter os pés fincados na terra, nasceu a Associação Comunitária dos Pequenos Produtores Rurais de Riacho D’Antas. A criação se deu em 2009, em um contexto de crise hídrica que afetava a região, especialmente o Riachão — curso d’água que abastece a comunidade. “Foi uma luta até conseguirmos lacrar os grandes pivôs que existiam na nascente”, lembra Valney.

Esses pivôs, sistemas de irrigação de grande porte usados por fazendas maiores, consumiam volumes excessivos de água e comprometiam diretamente a sobrevivência dos pequenos agricultores, tornando inviável o cultivo.

Com o fechamento dessas estruturas, surgiu a necessidade de criar alternativas que garantissem trabalho digno e renda no campo. Foi aí que a macaúba ganhou protagonismo.

“O fruto mais abundante por aqui, e que até então ninguém aproveitava, era o coco de macaúba. Então, com o apoio de diversos parceiros, implantamos um projeto: construímos um galpão, adquirimos equipamentos e começamos a beneficiar o fruto”, conta Valney.

Foi nessa mesma época que o pesquisador Carlos Augusto Colombo, do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), conheceu a planta. Cientista nível VI e professor nos programas de pós-graduação em agricultura tropical e subtropical, Colombo lembra com bom humor o primeiro contato: “Foi por acaso. Um colega chegou para mim e disse: ‘Vamos trabalhar com macaúba’. E eu pensei: ‘Caraca, macaúba? Que planta é essa?’”.

A curiosidade virou entusiasmo após ver, em um programa de televisão, a história de Seu Sinéias — um extrativista do norte de Minas apaixonado pela macaúba. Ele extraía o óleo do fruto por conta própria. Com criatividade, improvisou uma prensa hidráulica e começou a produzir sabão, que vendia na região. Com esse trabalho, sustentou a família e colocou os três filhos na universidade.

“E ele falava da planta com tanta paixão que pensei: ‘Não é possível. Se ele consegue, então a gente consegue também’.”

A genialidade e o saber popular, mesmo a quilômetros de distância, despertaram o interesse científico. A até então “gigante desconhecida” passava a ser redescoberta, com apoio de tecnologia e pesquisa.

Outro nome fundamental nessa trajetória é o do professor Sérgio Yoshimitsu Motoike, da UFV (Universidade Federal de Viçosa), especialista em fitotecnia e melhoramento vegetal. Segundo ele, as histórias da macaúba e do Brasil já se cruzaram antes.

“A macaúba sempre foi usada no passado, inclusive para iluminação antes da energia elétrica. Mas foi deixada de lado por falta de tecnologia adequada para o cultivo. Agora, com o avanço da ciência, ela pode se tornar uma commodity global”, afirma.

É nesse reencontro com o passado que histórias como a de Valney, de seu Sinéias e de tantos outros ganham novo fôlego. Ao preservar a memória de um fruto nativo, ele retoma seu curso, entrelaça-se ao presente e mostra que a chave para mover o mundo pode nascer da terra e crescer com as mãos de quem o cultiva.

Uma palmeira, muitos futuros

Entre as culturas voltadas à energia, a macaúba é a única que reúne alto rendimento, potencial de escala, capacidade de restaurar o meio ambiente e promover inclusão social.

Hoje, com as safras mais recentes produzindo cerca de 160 mil toneladas de óleo, Valney Soares — o mesmo que iniciou um projeto comunitário no norte de Minas — busca transformar a realidade de centenas de famílias enquanto o futuro é processado pelas máquinas.

A cooperativa, além disso, produz sabão, óleo, cosméticos e outros subprodutos, evidenciando a versatilidade da planta.

Mas é no campo dos biocombustíveis que a macaúba começa a se destacar no mundo, especialmente a partir do SAF (Sustainable Aviation Fuel). O produto é conhecido como combustível sustentável de aviação por poluir menos ao longo de seu ciclo de vida, da produção à queima.

A pesquisadora da Embrapa Simone Favaro começou a estudar a planta em 2008, quando o biodiesel ganhava espaço nas discussões sobre a matriz energética brasileira.

“A macaúba produz dois tipos de óleo — um da polpa e outro da amêndoa —, cada um com propriedades específicas. Isso amplia as possibilidades de mercado: alimentos, cosméticos e combustíveis. O destino depende da remuneração. A demanda por óleo para biocombustíveis será tão grande que não haverá competição — vamos precisar de todos”, prevê.

“Muita gente achava que era loucura estudar uma palmeira cheia de espinhos. Mas, quanto mais a gente aprofunda a pesquisa, mais potencial encontra: no fruto, no óleo, na proteína, no carbono fixado... Só o bagaço já pagaria o custo de produção. E quem não quer, hoje, uma agricultura sustentável, rentável e com impacto positivo para a sociedade e para o planeta?”, questiona Sérgio Motoike.

Valney já percebe esse crescimento na prática. Com a chegada de novas empresas e o aumento da procura, a cooperativa tem ampliado sua produção e diversificado os mercados com produtos de alta qualidade.

A corrida pelo SAF: Acelen, Petrobras, Raízen e BBF

Na transição para uma economia de baixo carbono, o Brasil desponta como protagonista na produção de combustível sustentável de aviação — e a macaúba está no centro dessa corrida. Segundo estudo da CNT (Confederação Nacional do Transporte), o país pode ser responsável por até 75% da produção de SAF na América do Sul até 2029, com uma capacidade estimada em 900 mil toneladas por ano.

Esse avanço será impulsionado por quatro grandes projetos nacionais, cada um com uma matéria-prima distinta:

  • Acelen Renováveis: óleo de macaúba
  • Raízen: etanol
  • Petrobras: óleo de soja
  • BBF (Brasil BioFuels): óleo de palma (dendê)

Entre as empresas que apostam na macaúba, está a Acelen, com sede na Bahia. A companhia planeja cultivar a palmeira em 115 mil hectares de pastagens degradadas — uma área equivalente ao tamanho do município do Rio de Janeiro — com a meta de produzir até 1 bilhão de litros de óleo vegetal por ano, volume suficiente para abastecer mais de 1 milhão de veículos durante um ano. O foco é atender mercados internacionais exigentes, como União Europeia e Estados Unidos, que já adotam metas rigorosas de descarbonização e reconhecem o SAF como uma solução viável.

Apesar do potencial, o estudo da CNT destaca um desafio central: o custo ainda elevado de produção. Para que o SAF se torne competitivo, será essencial ampliar a escala industrial e consolidar uma cadeia produtiva eficiente e integrada.

Segundo Victor Barra, diretor de Agronegócios da Acelen Renováveis, a escolha pela macaúba veio a partir de um plano estratégico robusto em cima do potencial da planta.

“O Mubadala, nosso acionista, comprou a refinaria de Mataripe com um foco muito claro: participar da transição energética de forma consciente e sustentável. Começamos a estudar qual matéria-prima vegetal teria escala suficiente para produzir combustível renovável, como o diesel verde e o SAF. Chegamos à conclusão de que as palmáceas tinham o maior potencial — entre elas, a macaúba.”

Com investimentos de US$ 3 bilhões, a Acelen está desenvolvendo uma cadeia integrada, do cultivo à produção de combustível. Um dos marcos é o Acelen Agripark, centro de inovação criado em Montes Claros (MG), com aporte de R$ 314 milhões.

“Ali montamos a primeira extratora de óleo de macaúba em escala industrial do mundo. Foi um marco. Até então, era tudo feito em bancada de laboratório. Hoje, já temos capacidade de germinar 1,7 milhão de sementes por mês e produzir até 10,5 milhões de mudas por ano.”

O projeto conta com 200 hectares plantados na Bahia, com previsão de chegar a 1.500 hectares até o fim do ano, sempre em áreas de pastagens degradadas. O impacto vai além da produção de combustível.

“Só com esse projeto, esperamos fixar até 60 milhões de toneladas de CO2 e descarbonizar até 80% da cadeia de combustíveis. A casca da macaúba, rica em celulose, será usada como biomassa para geração de energia. Nossas usinas serão autossuficientes.”

O SAF e o diesel renovável que vamos produzir são moléculas idênticas às fósseis. São combustíveis ‘drop-in’, ou seja, não exigem nenhuma adaptação em motores, aviões ou infraestrutura.

Victor Barra, diretor de Agronegócios da Acelen Renováveis

A geração de emprego e a inclusão social também são prioridades da empresa, que estima a criação de até 85 mil empregos diretos e indiretos ao longo desse prazo e busca integrar agricultores familiares, prevendo capacitação destas pessoas. “Queremos que 20% das áreas cultivadas sejam operadas por pequenos e médios produtores. Isso ajuda a manter as famílias no campo e gera valor às próximas gerações.”

Para Barra, o recado é claro: trabalhar com macaúba significa mais do que investir em energia. É atuar em múltiplas frentes ao mesmo tempo — econômica, social e ambiental.

Parcerias e desenvolvimento

O potencial da fruta também chamou a atenção da Petrobras, referência brasileira de combustíveis. Em setembro de 2024, a estatal firmou um acordo com a Embrapa para estudar matérias-primas renováveis, como a soja e a macaúba, com foco na produção de biocombustíveis e no desenvolvimento de novos fertilizantes.

A parceria prevê o desenvolvimento, por parte da Petrobras, de soluções tecnológicas e a implantação de unidades industriais voltadas à produção de biocombustíveis e bioprodutos. A Embrapa é responsável por elaborar um protocolo para culturas agrícolas de baixo carbono, com técnicas de manejo sustentável e certificação.

Ao R7, a Petrobras explicou que tem compromisso em conciliar a busca pela liderança na transição energética justa e inclusiva com a continuidade das atividades de exploração e produção de óleo e gás. De acordo com o Plano de Negócios 2025–2029, a empresa prevê investir US$ 4,3 bilhões em bioprodutos sustentáveis, distribuídos entre etanol (US$ 2,2 bilhões), biorrefino (US$ 1,5 bilhão), biodiesel e biometano (US$ 0,6 bilhão).

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O biorrefino e o biodiesel são estratégias de produção capazes de abarcar a macaúba — opção que, ao lado de outras cultivares, está em avaliação pela estatal com potencial de suprir futuras demandas de produção renovável.

O plano busca integrar o parque atual de refinarias com soluções que permitam o coprocessamento de biomassa e petróleo, além da instalação de novas unidades capazes de gerar combustíveis 100% renováveis, como o SAF e os óleos vegetais hidrotratados (HVOs).

Políticas públicas impulsionam o SAF no Brasil

A cadeia do SAF no Brasil tem ganhado força com o apoio de políticas públicas e novos marcos legais. A Lei do Combustível do Futuro, sancionada no fim de 2024, estabelece metas progressivas para o uso de combustível sustentável de aviação em voos domésticos — começando em 1% em 2027 e chegando a 10% até 2037.

A legislação também criou programas nacionais para estimular o uso de diesel verde, biometano e combustíveis sintéticos, além de autorizar a captura e o armazenamento geológico de dióxido de carbono, com regulação pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).

A pesquisadora Simone Favaro acredita que o combustível do futuro já está, literalmente, brotando do solo brasileiro. “Enquanto países como Estados Unidos e nações da Europa já operam plantas industriais de combustíveis renováveis, o Brasil tem tudo para ser protagonista. Temos o clima, a terra, a tecnologia e, agora, a vontade política.”

Enquanto países como Estados Unidos e nações da Europa já operam plantas industriais de combustíveis renováveis, o Brasil tem tudo para ser protagonista. Temos o clima, a terra, a tecnologia e, agora, a vontade política.

Simone Favaro, pesquisadora da Embrapa

Apesar de representar apenas 0,3% da demanda global por querosene de aviação, a produção mundial de SAF dobrou em 2024 — saltando de 600 milhões para 1,3 bilhão de litros — e deve alcançar 2,7 bilhões até o fim do ano.

Para acelerar o setor, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) lançaram uma chamada pública, que recebeu 76 propostas de biorrefinarias, totalizando R$ 167 bilhões em investimentos potenciais. Desses, R$ 120 bilhões estão concentrados em 43 projetos voltados exclusivamente à produção deste combustível.

Uma nova lógica para o campo

Estima-se que o Brasil tenha entre 30 e 45 milhões de hectares de pastagens degradadas, que podem dar lugar a um novo modelo de produção sustentável unindo floresta, energia e pecuária.

Essas mesmas áreas, segundo o professor Sérgio Motoike, mostram-se oportunas para a macaúba se desenvolver com excelência. Por isso, o cenário representa uma oportunidade concreta de transformar terras esgotadas em áreas produtivas e regenerativas. “Podemos recuperar essas áreas com um sistema silvipastoril, em que a árvore cresce e o boi continua no pasto”, explica.

Para Motoike, a proposta é integrar o cultivo da palmeira a sistemas de pecuária extensiva, criando um ambiente de produção compartilhada. A sombra das palmeiras ajuda a reduzir o estresse térmico dos animais, melhora a qualidade do pasto e favorece a recuperação do solo, que passa a reter mais água e nutrientes. O capim cresce com mais vigor, há menor exposição do solo ao sol direto e os ciclos de pastejo se tornam mais equilibrados.

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Nesse modelo de sistema silvipastoril, a macaúba não compete com o gado — ela coopera. Enquanto a palmeira oferece uma fonte renovável de óleo vegetal, o gado continua produzindo carne e leite em um ambiente mais resiliente. A torta resultante da extração do óleo da macaúba pode, inclusive, ser usada como suplemento na ração animal, aumentando ainda mais a circularidade do sistema.

Macaúba e o boi no mesmo solo

Sediada em Patos de Minas (MG), a startup Inocas associa o cultivo da macaúba a pastagens com rebanhos bovinos e tem sido uma das principais pioneiras na implementação dessa lógica regenerativa, diversificada e integrada ao meio ambiente. Os resultados são múltiplos:

🌱 melhor cobertura do solo;

🐂 conforto térmico para o gado;

🌴 sombreamento que preserva o pasto;

🫘 maior produtividade por hectare;

✅ sequestro anual de até 20 toneladas de carbono por hectare.

O sistema agroflorestal com a palmeira e o pasto já é testado em 2.000 hectares pela startup e deve ser ampliado para 9.000. Segundo o fundador e ex-CEO Inoca, Johannes Zimpel, a meta é restaurar até 100 mil hectares com o apoio do mercado de carbono.

Para Zimpel, nesse movimento, a macaúba começa a ocupar o espaço que por muito tempo lhe foi negado, estando, hoje, “onde a soja estava nos anos 1970”.

“Estamos fazendo o mesmo trabalho que foi feito há 50 anos: entender a planta, selecionar os melhores materiais genéticos, desenvolver protocolos agronômicos e montar toda a cadeia de valor”, conta Zimpel, acrescentando que “só com a macaúba, é possível aumentar em até 50% a produção global de óleo vegetal”.

O modelo tem chamado a atenção de investidores internacionais. A Inocas já conta com o apoio de fundos como:

Amazon Biodiversity Fund (ABF): financiando 5.000 hectares no Pará;

Native (EUA): apoiando 4.000 hectares no Vale do Paraíba (SP);

Fundo Vale: com um aporte de R$ 12 milhões para restaurar até 100 mil hectares com macaúba.

Pesquisa nacional que impulsiona a cadeia

Pesquisadores da Embrapa Cerrados (DF) trabalham desde 2006 com o desenvolvimento de tecnologias agrícolas para tornar a macaúba uma cultura comercial viável. Os estudos envolvem desde o melhoramento genético até sistemas de colheita, adubação e irrigação.

Atualmente, já é possível produzir mudas em larga escala com até 74% de taxa de germinação, graças a protocolos desenvolvidos pela Universidade Federal de Viçosa.

O professor Sérgio Motoike explica que a maioria das palmeiras sofre com depressão por endogamia — ou seja, quando há cruzamento entre indivíduos geneticamente semelhantes. Segundo ele, as populações nativas estão fragmentadas, o que leva ao surgimento de novas plantas a partir do material de espécies “irmãs”. Por isso, o melhoramento genético por meio de cruzamentos dirigidos é essencial.

“Depois, vem a clonagem. A gente seleciona o indivíduo mais produtivo e replica milhões de vezes por meio de células-tronco vegetais em laboratório. Isso já está sendo testado em escala industrial.”

Carlos Augusto Colombo, do IAC, explica que o processo de melhoramento genético é demorado. “Tem plantas com 25% de óleo na polpa, e outras com até 76%. Isso é um absurdo. E o nosso trabalho de melhoramento genético é justamente esse: achar as melhores populações, pegar semente, plantar e avançar.”

Estamos em um momento muito interessante: Temos uma planta nativa que produz óleo e alimento. Pela ampla variabilidade genética, ela pode ser melhorada. Que se planta em pasto, sem precisar abrir novas áreas. Que está presente nos maiores centros consumidores do país.

Carlos Augusto Colombo - pesquisador científico nível VI e professor da pós-graduação nos cursos de mestrado e doutorado em Agricultura Tropical e Subtropical do Instituto Agronômico de Campinas

A palmeira pode produzir frutos por até 100 anos, iniciando a frutificação por volta do quinto ano. Em maciços naturais no Alto Paranaíba (MG), foram registradas produtividades de até 6,9 toneladas de óleo de polpa por hectare, além de 1,2 tonelada de óleo de amêndoa (usado em cosméticos), 19 toneladas de endocarpo para biomassa e 24,5 toneladas de torta, usada na alimentação animal.

A Embrapa também desenvolve experimentos para definir o melhor ponto de colheita — uma etapa ainda sensível do processo — e estuda a adaptação da macaúba a sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), modelo considerado ideal para pequenos produtores e cooperativas.

É neste contexto de redescoberta, investimento e pesquisa que se encontra a macaúba atualmente. A palmeira nativa multifacetada mostra-se pronta para sair dos quintais e maciços nativos e conquistar novos territórios — nos tanques dos aviões, no mercado internacional de carbono e no centro da transição energética brasileira.

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