PINTADO. "O PALMEIRAS ME PERDEU. FUI GANHAR TÍTULOS NO SÃO PAULO!" | COSME RÍMOLI
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Luís Carlos de Oliveira Preto.
Ninguém o conhece pelo nome.
Mas basta citar o apelido e uma imagem vencedora se forma naqueles que vivem o futebol.
Pintado.
Bicampeão da Libertadores da América e campeão mundial pelo São Paulo Futebol Clube.
Zetti; Vítor, Adílson, Ronaldão e Ronaldo Luís; Pintado, Toninho Cerezo (Dinho, 38'/2), Raí (capitão) e Cafu; Palhinha e Müller.
Esse time vibrante, tático e corajoso, comandado por Telê Santana, tinha em Pintado o alicerce no meio-campo. O homem que dava consistência na intermediária para que Toninho Cerezo, Raí e o deslocado Cafu pudessem se preocupar em articular as jogadas de ataque. Buscar Müller e Palhinha, que viveram seu auge juntos, sem posição fixa, desmontando as defesas adversárias, como a do Barcelona, de Johan Cruyff, na decisão do Mundial.
"Alguém tinha de marcar para os craques jogarem. Era a minha função. E eu cumpria bem. Tive o prazer de jogar no melhor São Paulo de todos os tempos", relembra, em entrevista exclusiva.
Mas está muito enganado quem acredita que o volante era apenas um destruidor à frente da zaga, homem de força, da marcação dura.
"O Pintado sempre teve ótima visão de jogo, saída de bola rápida, conseguia fazer a bola sair da defesa com velocidade. Seus passes eram fundamentais para o São Paulo ditar o ritmo de jogo." A análise é de Carlos Alberto Parreira, que treinava o Bragantino e o tirou da zaga e o colocou como volante.
Telê Santana tratou de aproveitar as características 'europeias' do jogador e o encaixou no excepcional São Paulo que estava montando, com esmero.
Lembra como hoje as decisões da Libertadores e do Mundial, contra o Barcelona.
"Eles já se achavam campeões. Nos desprezaram. Não tinham ideia do que encontrariam pela frente. Nunca vou esquecer a imagem do Cruyff, perdido, quando vencemos. Ele conheceu a força do São Paulo. Nós demos tudo e mais um pouco, no jogo da nossa vida.
"Ser campeão do mundo não é para qualquer um!
"Basta ver há quanto tempo um time brasileiro não vence o Mundial de Clubes." O último foi o Corinthians há 12 anos.
Pintado faz questão de lembrar que quando o São Paulo teve de ir 'para a guerra' foi, como nas Libertadores que conquistou. E quando teve de ser tático e técnico, contra o Barcelona, também foi.
"O nosso elenco era excepcional. Se adaptava ao que vinha pela frente. Se era para lutar, lutávamos. A Libertadores era terrível, sem antidoping, sem televisão. Os jogos eram guerras. E, quando tivemos de atuar taticamente, fizemos. O Telê destrinchou o Barcelona para nós", relembra.
"Não segui no São Paulo porque tive uma proposta excepcional do Cruz Azul, do México. Fiquei quatro temporadas por lá. Fomos campeões nacionais. Sou ídolo até hoje. Fui muito valorizado lá. Sempre que posso, vou para lá. Me sinto em casa."
Ainda jogou no Japão, no Cerezo Osaka. No Brasil, passou pelo Santos, foi campeão brasileiro da Série B pelo América Mineiro, atuou pelo Atlético Mineiro, até encerrar sua carreira no Brasiliense.
Como treinador, decidiu atuar como nômade.
Desde 2004 até hoje, 2024, já fez nada menos do que 40 trocas de clubes. Sim, 40.
"O grande entrave é que nunca tive a sorte de começar um projeto, escolher um grande elenco. Sou chamado quando as coisas já não estão dando certo. Ou o clube tem um orçamento limitado. E eu vou. Amo futebol.
"Sinto prazer no meu trabalho. Já tive grandes treinadores como Telê Santana, Menotti, Parreira, Luxemburgo. Procuro passar o que aprendi. O problema é que grandes trabalhos precisam de tempo e é tudo o que os clubes brasileiros não dão."
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