Intenso e impactante, novo 'Jogos Vorazes' reforça que essa é uma das franquias mais interessantes
'A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes' volta no tempo e nos leva às origens da história, onde podemos acompanhar o surgimento do grande vilão da saga
Entretenoinsta|Felipe Gladiador, do R7
Franquia de muito sucesso, Jogos Vorazes arrecadou quase US$ 3 bilhões entre 2012 e 2015, com quatro filmes. Chega aos cinemas na quarta-feira (15) mais um capítulo da saga, Jogos Vorazes: a Cantiga dos Pássaros e das Serpentes, adaptação do livro de mesmo nome. O Cine R7 já assistiu e conta abaixo o que esperar.
Depois de tantos anos, muita gente se perguntou se havia necessidade de fazer outro filme, especialmente com uma história de origem, algo que diversos estúdios já usaram como recurso para conseguir prolongar tramas que talvez não tivessem mais para onde ir. O conceito de um filme ser necessário ou não é bastante abstrato, mas a verdade é simples: necessário ou não, A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes é excepcional!
A prequência nos leva 64 anos antes dos acontecimentos dos primeiros filmes, nos deixando acompanhar o surgimento do grande vilão da saga, Coriolanus Snow, antes vivido pelo ótimo Donald Sutherland e aqui interpretado esplendidamente por Tom Blyth. O jovem ator consegue demonstrar com perfeição a gama de emoções de um personagem tão complexo.
Ao lado dele está Rachel Zegler, que explodiu na versão mais recente do clássico Amor, Sublime Amor. A atriz dá vida à carismática Lucy Gray Baird, que é escolhida como tributo de uma das primeiras edições dos jogos. Escalada para protagonizar o live-action de Branca de Neve, Zegler tem recebido uma onda de ódio completamente sem sentido nas redes sociais, com muita gente questionando suas qualidades como artista.
Bom, os haters podem continuar choramingando, porque aqui Zegler reafirma que é um dos nomes mais interessantes da nova geração de Hollywood e deve só crescer na carreira. Ela exibe uma força descomunal em cena, hipnotizando com seus talentos e trazendo uma performance digna de veterana. Zegler cativa também com sua poderosa voz, já que Lucy, assim como ela, é uma cantora. Impossível não ficar arrepiado com alguns dos momentos musicais que ela lidera.
A música, aliás, é fundamental para a história. Não apenas nas canções que Lucy usa para comunicar o que sente, mas na trilha, que ressalta com precisão a temerosidade que parece fixa no ar, a tensão dos momentos de perigo e o lado humano dos personagens.
Blyth e Zegler, juntos, são a alma do filme, com uma química natural e transitando bem entre todas as viradas do esperto roteiro, mas a escolha dos protagonistas não foi o único acerto de elenco. De fato, talvez este seja o maior destaque de A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes.
A premiada Viola Davis nos presenteia com mais uma interpretação fabulosa como a nefária doutora Volumnia Gaul. Mesmo que o papel tenha um ar caricato, Viola é tão brilhante que acerta o tom sem muito esforço.
Além dela, destacam-se o ótimo Peter Dinklage, como Casca Highbottom, e a estonteante Hunter Schafer, como Tigris. Dinklage impressiona por conseguir manter certa sobriedade em meio ao caos do universo da trama, enquanto Schafer mostra quanto é uma excelente atriz por conquistar o público com a ternura da personagem de maneira sutil e deslumbrante. Jason Schwartzman também brilha como o apresentador, mágico amador e "homem do tempo" Lucky Flickerman.
O filme é dirigido por Francis Lawrence, que comandou os últimos três longas, o que também é garantia de um trabalho de muita qualidade. Lawrence fascina com a maneira com que filma aquele mundo pós-guerra que mistura beleza, excessos, tristeza e pauperismo. O cineasta entrega cenas de ação de tirar o fôlego, mas também momentos de pura emoção. Este é, sem dúvida, um dos melhores projetos do diretor. Vale ressaltar, para quem leu o livro de Suzanne Collins, que esta é uma adaptação bastante fiel.
• Clique aqui e receba as notícias do R7 no seu WhatsApp
• Compartilhe esta notícia pelo WhatsApp
• Compartilhe esta notícia pelo Telegram
• Assine a newsletter R7 em Ponto
As escolhas visuais também enriquecem o longa, como os figurinos, talvez ainda não tão espalhafatosos quanto nos quatro filmes originais, mas ainda assim belíssimos, além do design de produção e direção de arte impecáveis.
Para nos fazer refletir sobre regimes totalitários, sociedade do espetáculo, hierarquias sociais e outros temas profundos, a saga continua se provando atual e relevante. Jogos Vorazes: a Cantiga dos Pássaros e das Serpentes é intenso, impactante e mais um excelente filme em uma das franquias mais interessantes do cinema atual.
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.