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Em 2017, os Estados Unidos foram palco de pelo menos 404 tiroteios em massa, segundo dados da organização Mass Shooting Tracker — que compila informações sobre a violência relacionada a armas no país. Ao todo, os incidentes fizeram pelo menos 565 vítimas fatais e mais de 1.900 feridos até o mês de dezembro. O levantamento considera as ocorrências em que pelo menos quatro pessoas foram mortas ou feridas em um único tiroteio
GettyImages/David Becker/01.10.2017
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O mais trágico dos tiroteios se deu em 1º de outubro, quando o atirador Stephen Paddock, a partir de sua suíte no 32º andar de um hotel em Las Vegas, abriu fogo contra uma multidão que assistia a um festival de música country, deixando pelo menos 59 mortos e mais de 500 feridos. O incidente já é considerado o pior ataque a tiros na história do país
GettyImages/David Becker/01.10.2017
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Depois de cometer o massacre, Paddock, de 64 anos, tirou a própria vida. A polícia recuperou quase 50 armas de fogo que estavam em posse do atirador, quase metade delas na suíte do hotel onde ele se hospedou. Munições e explosivos também foram encontrados
GettyImges/Drew Angerer/03.10.2017
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Em entrevista ao R7, o professor Peter Squires, do Departamento de Criminologia e Políticas Públicas da Universidade de Brighton, na Inglaterra, afirma que são vários os fatores especialmente chocantes a respeito da tragédia em Las Vegas: "A proporção tomada pela tragédia, o poder de fogo acumulado por uma única pessoa, o fato de que o atirador havia convertido tantas de suas armas em metralhadoras... A falta de motivo aparente para o crime também foi tema de debates".
Getty Images/David Becker/01.10.2017
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Para Squires, os EUA representam um caso à parte quando o assunto são tiroteios em massa: "Lá é tão comum que nós já quase nos acostumamos. O que mais preocupa é que, em um país onde há centenas de ataques a tiros em um período de um ano, não há mudanças legislativas a nível federal para controlar o acesso às armas", diz
Getty Images/Spencer Platt/04.10.2017
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Segundo estudo do jornal americano The Washington Post, 98% dos indivíduos que cometem tiroteios em massa nos Estados Unidos são homens com idades entre 20 e 49 anos
GettyImages/Ethan Miller/19.11.2016
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Outro exemplo trágico ocorrido em 2017 foi o massacre em Sutherland Springs, no Texas. Em 5 de novembro, o ex-aviador Devin Patrick Kelley, de 26 anos, entrou em uma Igreja Batista e abriu fogo contra os fiéis que assistiam a uma cerimônia religiosa. O ataque deixou 26 mortos e dezenas de feridos. O professor Squires ressalta que o caso será lembrado pela "brutalidade com que Kelley disparou contra inúmeras vítimas inocentes em uma igreja"
REUTERS/Jonathan Bachman/06.11.2017
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Após o massacre, Kelley levou um tiro de um morador local e disparou contra a própria cabeça dentro de seu carro, onde havia ainda um arsenal com várias armas. Apurações posteriores mostraram que o homem havia servido a Força Aérea norte-americana, mas foi expulso da instituição após agredir a mulher e o filho, ficando preso durante um ano. Por conta de uma falha de registro no sistema do FBI (a polícia federal americana), o ex-aviador conseguiu autorização para adquirir suas armas apesar dos antecedentes criminais
Reprodução/Texas Department of Safety
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Não à toa, casos como o de Kelley e de Stephen Paddock reacenderam o debate sobre o acesso às armas em território americano. Nos EUA, para comprar uma arma de fogo, é preciso ter ao menos 18 anos, apresentar uma carteira de motorista com endereço e não ter nenhum antecedente criminal na base de dados do FBI
GettyImages/Spencer Platt/21.01.2013
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O jovem Johnnie Langendorff, de 27 anos — aclamado como herói por perseguir Devin Patrick Kelley de carro até sua morte após o incidente em Sutherland Springs — afirmou em entrevista ao R7 ser favor do controle de armas em seu país: “Eu possuo uma arma e penso que, se outra pessoa armada não tivesse interferido naquela situação, muitas outras mortes teriam ocorrido. Mas, na minha opinião, se você quer ter uma arma, você deve comprá-la da forma legal. Você precisa se registrar, ter todos os documentos e comprovações de que pode portar aquela arma para não usá-la da forma errada — que foi o que aquele cara fez. Todos deveriam seguir os procedimentos legais, porque há um motivo pelos quais as armas existem”, disse
Reprodução/Facebook
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O professor Peter Squires acredita que o controle de armas nunca foi tão defendido nos EUA como hoje, mas acha que pouca coisa deve mudar em 2018: "A fidelidade às armas de fogo é muito arraigada à cultura e à história dos americanos. Há pressões para reformas legislativas neste sentido, mas nenhuma mudança deve acontecer tão rápido", conclui.
Getty Images/George Frey/05.10.2017