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A Rio 2016 entrou para a história. Atletas pouco ou nada badalados, longe do status de “riquinhos do esporte”, conquistaram as medalhas mais suadas, apesar de, talvez, menos comemoradas. Pessoas de origem humilde foram a personificação de quem vive no dia a dia a falta de infraestrutura fora das raias, tatames e ringues. Veja quem orgulhou o Brasil
Montagem R7
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Isaquias Queiroz - Canoagem
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Simplesmente o maior nome do Brasil. Pela primeira vez, um atleta do País conquistou três medalhas em uma só edição dos Jogos Olímpicos.
Logo em sua primeira participação, Isaquias, dono de duas pratas e um bronze, virou referência para toda uma geração e mostrou que é possível vencer a bordo de uma canoa, seu principal meio de transporte durante a infância ao lado do amigo Erlon de SouzaREUTERS/Murad Sezer
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A vida de Isaquiais, porém, nunca foi fácil. Após perder o pai quando tinha dois anos, via sua mãe sair para trabalhar e, muitas vezes, deixando os dez filhos trancados dentro de casa. Certa vez Isaquiais ficou sumido, para a preocupação de sua mãe. Foi encontrado em uma fazenda, sozinho e chorando muito
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Aos três anos, o baiano sofreu um grave acidente dentro de sua própria casa. Enquanto sua mãe trabalhava, uma mulher tomava conta do futuro medalhista olímpico. Certo dia, então, ela colocou água para ferver em uma panela, que acabou virando em cima do pequenino Isaquias, deixando-o um mês internado
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Aos 10 anos, assim como toda criança da idade, o baiano, muitas vezes, abusava nas brincadeiras. Uma vez subiu em uma árvore para ver uma animal morto. No entanto, caiu, batendo as costas contra uma pedra. Foi levado para a UTI da cidade, onde foi constatado com quadro de hemorragia interna e precisou retirar um de seus rins
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Aos 13 anos, iniciou a carreira na canoagem, onde segue até hoje como a principal referência do esporte no Brasil. Apesar das dificuldades no início da carreira, Isaquiais seguiu focado em busca de seus sonhos. Mesmo após ter ficado fora de grandes competições, como o Pan-Americano de 2011 e os Jogos Olímpicos de 2012, não desistiu
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Com muito trabalho, seu esforço foi altamente recompensado nos Jogos Olímpicos deste ano. Se tornou o brasileiro que mais conquistou medalhas em uma única edição de Olimpíadas e, além de tudo, virou ídolo inesperado
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Rafaela Silva - Judô
Kai/Reuters
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Primeiro ouro do Brasil nos Jogos Olímpicos, a judoca emocionou o País após a sua conquista. Duramente criticada em sua eliminação nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, quando foi alvo de ofensas racistas nas redes sociais, Rafaela deu a volta por cima e conquistou à todos com sua humildade e determinação
Reuters
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Com uma infância difícil, Rafaela encontrou no esporte uma válvula de escapa para fugir dos problemas que a cercam na emblemática Cidade de Deus, no Rio de Janeiro. Em 1997, ainda com cinco anos, começou a frequentar as aulas de judô oferecidas pela associação de moradores da comunidade
LEONARDO BENASSATTO/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
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Três anos mais tarde, já com oito anos, a atual campeã olímpica passou a fazer parte do projeto do medalhista olímpico Flávio Canto. Lá, conheceu Geraldo Bernardes, seu técnico e um de seus grandes incentivadores, que caminha ao seu lado até os dias de hoje
Reuters
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As grandes vitórias na carreira de Rafaela não demoraram a aparecer. Em 2008 disputou o Campeonato Mundial Júnior, em Bangkok, Tailândia, onde conquistou o primeiro grande título. Seu desempenho foi tão satisfatório que neste mesmo ano, ainda com 16 anos, começou a integrar a seleção brasileira adulta
David Ramos/Getty Images
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Quatro anos depois chegou o desafio mais importante de sua carreira. Classificada para os Jogos de Londres, era esperança de medalha para o Brasil. No entanto, foi eliminada logo na estreia por aplicar um golpe irregular. A doída desclassificação rendeu duras críticas a ela, umas, inclusive, de cunho racista. Por meses Rafaela ficou em depressão e pensou até em largar o esporte
David Ramos/Getty Images
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Mas a vida ainda lhe reservava o melhor para a Rio 2016. Calando os que a criticaram após Londres, a judoca passou por todas as adversárias e conquistou o sonhado ouro olímpico, emocionando todo o Brasil
Reuters
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Robson Conceição - Boxe
PETER CZIBORRA/Reuters
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O boxe também conquistou sua redenção dourada. Nos pulsos firmes de Robson Conceição, que entrou no esporte para se defender de brigas pelas ruas de Boa Vista de São Caetano, na Grande Salvador, o Brasil viu nascer um ídolo do esporte. O atleta reconhece o carinho da torcida e lembra que até se tornou mais responsável fora dos ringues
Peter Cziborra/Reuters
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Assim com os outros campeões olímpicos, Robson não tinha regalias em sua infância. Começou a praticar boxe por uma motivo inusitado: se espelhou no tio, que era conhecido e respeitado pelas brigas de rua em sua cidade natal. Com isso, Robson seguiu os mesmos passos e tornou-se o "Terro de Boa Vista"
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Apesar do motivo de ter iniciado no boxe não ter sido dos mais nobres, Robson tomou gosto pelo pugilismo. Começou a treinar em um local distante nove quilômetros de sua casa. Proveniente de uma família humilde, não tinha grandes recursos à disposição, tanto que ia à pé todo os dias para o treino. Sendo assim, deslocava-se um total de 18 quilômetros por dia
Reprodução/Facebook
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Nada disso, porém, o impedia de ajudar em casa. Todos os dias ia para a feira de São Caetano de Boa Vista para montar a barraca de frutas e verduras de sua mãe. Ia para a escola e após o término das aulas, voltava para a feira para desmontar a barraca de sua mãe. Essa era apenas uma das tarefas que Robson exercia. Já foi carregador de compras, vendedor de picolé e ajudante de pedreiro
Peter Cziborra/Reuters
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Aos pouco, Robson passou a levar a carreira de boxeador mais a sério. Disputou as Olimpíadas de Pequim em 2008, onde foi eliminado ainda no primeiro combate. Três anos mais tarde ficou com a medalha de prata no Pan-Americano de 2011. Participou dos Jogos de Londres 2012, mas novamente parou na estreia
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A redenção da sua carreira, começando nas batalhas que teve desde a infância, veio na Rio 2016. Passando por cada um de seus adversários, inclusive o cubano, favorito ao ouro, Robson sagrou-se campeão e cravou seu nome na história olímpica brasileira
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Maicon Siqueira - Taekwondo
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No penúltimo dia de competições, enquanto o Brasil festejava a inédita medalha de ouro do futebol masculino, a última medalha brasileira dos Jogos vinha de um nome desconhecido, que escrevia sua própria história com chutes certeiros no taekwondo. Maicon Siqueira, mineiro de Justinópolis, chegou a trabalhar de pedreiro e garçom para sustentar a família
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A medalha mais inesperada do ciclo olímpico brasileiro veio dos pés de um atleta que batalhou desde o início em busca de seu sonho. Filho mais novo de um total de oito, Maicon precisou trabalhar em diversas áreas para ajudar a sustentar sua família em Ribeirão das Neves, região metropolitana de Belo Horizonte
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Trabalhou como ajudante de pedreiro e garçom para dar sustento a seus pais e irmãos. Mesmo assim, não deixou de lado o amor pelo Taekwondo. Começou a treinar em 2007 no Projeto Mestre Bento, que mais tarde o levaria para frequentar sua academia especializada
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Aos pouco foi tratando o taekwondo como sua profissão e passou a se dedicar inteiramente ao esporte. Em 2012 disputou o Jogos Abertos do Interior e chamou a atenção dos irmãoClayton e Reginaldo dos Santos, técnicos da academia Two Brothers Team
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Mudou-se para São Paulo em busca do sonho de entrar para a seleção brasileira. Até que sete meses após chegar à capital paulista, entrou para o selecionado, ganhando a chance de disputar uma vaga nos Jogos Olímpicos
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Chegou ao Rio completamente desconhecido. Foi embora com o nome marcado na história como o responsável pela última medalha conquistada pelo País na primeira Olimpíadas realizadas em solo brasileiro
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